Afasta-te dos teus camaradas na estação,
vai de manhã à cidade com o paletó abotoado.
Arranja um esconderijo e, quando o teu companheiro bater,
não abras a porta, não, não abras,
mas,
apaga teus traços!
Quando em Hamburgo ou em qualquer outro lugar
encontrares teus pais, passa por eles sem cumprimentar
e some na esquina
cobre a cara com o chapéu, não deixa
que vejam teu rosto, não, não deixa,
mas ...
apaga os teus traços!
Come a carne disponível, não economiza!
Quando chover, entra em todas as casas
e senta-te em todas as cadeiras
mas
não fiques sentado
e não esqueças o teu chapéu.
Segue o meu conselho:
apaga teus traços!
O que dizes sempre
não o repitas
e, quando teu pensamento for adotado por alguém
renega-o!
Quem nunca assinou nada, quem não se deixou fotografar,
Quem nunca esteve lá e jamais disse coisa alguma
não tem rabo preso.
Apaga teus traços!
Quando pensares em morrer, toma providências
para que não te ergam uma pedra tumular
e nenhuma incrição indique onde estás
ou quando morreste.
Repito, mais uma vez:
apaga os teus traços ...
(Foi isso que me ensinaram)
... um poema de Bertold Brecht, que abre a coletânea " De um manual para os habitantes da cidade"
Um comentário:
...
a gente criando blogs, tá na contramão disso, heheheh ;p
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