quinta-feira, 8 de abril de 2010

SOLITÁRIO



Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me á tua porta!





Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta.
Cortava assim como 
em carniçaria
O
 aço das facas incisivas corta!






Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -
Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!





Augusto dos Anjos


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