quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Uma dosesinha de Filô


~+~
A imortalidade de SócrateS ~+~

Alguns séculos antes de Cristo, vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates. A sua filosofia não era uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele vivia.

Aos setenta e tantos anos foi condenado à morte, embora inocente (coisas da época da "democracia" grega...looooonga história). Enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, seus amigos e discípulos moviam céus e terra pra o preservar da morte. Mas ele, não moveu um dedo para esse fim; com perfeita tranquilidade e paz de espírito aguardou o dia em que ia beber o veneno mortífero.
NA véspera da execução, conseguiram seus amigos subornar o carcereiro (já havia essa prática nessa época em...) que abriu a porta da prisão. Críton,o mais ardente dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre:
- Foge depressa, Sócrates !!!
- Fugir por quê?- perguntou o preso
- Ora, não sabes que amanhã vão te matar?
- Matar-me ? A mim ? Ninguém me pode matar !!!
- Sim, amanhã terás de beber a taça de cicuta mortal- insistiu Críton.
- Vamos, mestre, foge depressa para escapares da morte!
- Meu caro amigo Críton- respondeu o condenado- que mau filósofo és tu ! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim.


Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:
- Críton, achas que isso aqui é Sócrates?
E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou:
- Achas que isso aqui é Sócrates?.. Pois isso á que eles vão matar, este invólucro material; mas não a mim. Eu sou a minha alma. Nnguém pode matar a Sócrates!...

E ficou sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou pura viagem e delírio ou estranho idealismo do mestre.
No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe entre soluços:
- Sócrates, onde queres que o enterremos ?
Ao que o filósofo, semi-consciente, murmurou:- Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates... Quanto a este invólucro, enterrai-o onde quiseres. Não sou eu... Mas eu sou minha alma...
E assim expirou esse homem, que tinha descoberto o verdadeiro sentido da felicidade, que nem a morte lhe pôde roubar... Também assim somos, seres "imortais" de um certo ponto de vista !

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